Ataque de um leão em Metangula
Domingos Pereira, foi soldado condutor da CCS do Batalhão de Caçadores 1891 e deu-nos o seu testemunho do ocorrido a 10 de Maio de 1967. Encontrava-me de convalescença no quartel em Metangula devido à viatura que conduzia a 1 de Maio daquele ano, perto de Nova Coimbra, ter rebentado uma mina. Um autóctone e o seu filho com 9 anos encontravam-se à pesca, com rede, junto às margens do Lago Niassa e próximos do Postos de sentinelas que haviam à entrada de Metangula de quem vinha de Nova Coimbra e de Maniamba. De repente foram surpreendidos por um ataque dum leão. Alertados pelos gritos os sentinelas foram ver o que se passava e depararam com um homem muito ferido no peito e no pescoço. Do quartel vieram reforços que transportaram o ferido para o hospital da Marinha que havia em Metangula. O ferido relatou então, que tinha lutado com o leão para salvar o filho, mas tal foi impossível depois de levar uma patada do leão que o deixou bastante ferido, ferimentos esses que o levaram à morte. Uma patrulha comandada pelo Alferes Presa na qual eu me incluía foi à procura do jovem e do leão. Não encontrámos quaisquer vestígios e conduzimos os soldados para os seus Postos ,3 em cada Posto.Como era de rotina às 24 horas de cada dia, o pessoal do Exército era rendido pelos Fuzileiros e foi quando estes se dirigiam para os Postos de vigilância, que ouviram tiros e lá chegados viram um soldado muito ferido e transportado aos ombros pelos seus 2 camaradas. O ferido foi conduzido para Metangula, daqui para Vila Cabral de onde foi transportado para a Metrópole. Os camaradas contaram que,lutou com bravura e o leão só fugiu quando foram disparados os tiros. Felizmente, recuperou e ainda hoje faz a sua vida normalmente.Atacadas as sentinelas, o Cmdt. do Batalhão deu ordens ao pessoal sob o comando de um Oficial e com a ajuda de 1 polícia e de vários Cipaios a “passar” a pente fino a serra em busca do jovem autóctone e se possível abater o leão. Depois de muitas buscas o animal foi encontrado debaixo duma árvore. O polícia aproximou-se o mais possível e desferiu-lhe um tiro que o matou de imediato. As buscas para encontrar o jovem foram retomadas e ao cair da noite foram dadas como encerradas e chegando-se à conclusão que tinha sido devorado pela fera. Este ataque era motivo de muita conversa e curiosidade e quando dias depois fomos recolher o animal, chegámos à conclusão que devido ao aspecto esquelético do animal, este devia ser muito velho e por isso abandonado pelo seu bando. A fome levou-o a atacar os humanos.
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