segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

TRAIÇÃO SEM ESCRÚPULOS E ARREPENDIMENTO


Texto de António Carlos Augusto

Ontem no episódio da série "A Guerra", ouvi com espanto, (ou talvez não), o antigo fundador e dirigente das BR (Brigadas Revolucionárias) Carlos Antunes, afirmar que o assalto aos Serviços Cartográficos do Exército teve o objectivo, concretizado, de roubar mapas militares que seriam depois enviados para o PAIGC através das vias "democráticas" e "humanistas" europeias. Elementos do PAIGC confirmaram a recepção destes mapas. 

Nunca tive dificuldade em aceitar pontos de vista diferentes do meu, acho isso até natural. Dentro deste princípio aceito que alguém considere a última campanha das Forças Armadas Portuguesas em África, (1961-1975), um erro que deveria ter sido evitado, uma coisa que não deveria ter acontecido. Aceito que se diga que se deveria ter optado pelo diálogo com os Movimentos de Libertação e negociado uma evolução que a estes satisfizesse. Sobre tudo isto haveria que meditar, mas aceito o raciocínio. Aceito ainda, mesmo que com algumas reservas, que alguém opte por fugir para um país estrangeiro a fim de evitar a incorporação. Aceito, mas entendo que está errado.

Agora, outra coisa completamente diferente e inaceitável é que alguém forneça a um Movimento de Libertação dados, material ou informações que servem depois para "afinar" a técnica e até a táctica da guerra. Estes mapas foram utilizados para atingir aquartelamentos onde estavam portugueses, que não fugiram, que cumpriram, e por isso alguns perderam a vida. Perderam-na porque estes criminosos pseudo-intelectuais do esgoto, acharam-se no direito de fazer barbaridades destas. Isto sim é um massacre. É um acto consciente, premeditado, e calculado para produzir um efeito de morte. É uma tomada de posição militar como qualquer outra, e perante a qual a defesa portuguesa tinha todo o direito de agir. Assim sendo, quando cavalheiros deste género se queixam  de sevícias na Polícia, não têm razão. A sua falha é incomensuravelmente maior. Estes crimes não prescrevem. Não deveriam prescrever. Mas isto o jornalismo não toca, não estuda e não escreve páginas de condenação. O que vende são as acções daqueles que, assumindo o seu papel, não fugindo às suas responsabilidades, viveram situações que não desejaram, e às quais ficaram amarrados para toda a vida. Mas cumpriram. E por isso hoje são acusados de terem cumprido, e são tratados quase como criminosos, por uma comunicação social longe de ser imparcial e incapaz de abarcar todos os ângulos de um mesmo problema.

Estes tipos como o cavalheiro que falou ontem, metem-me nojo. São de uma pulhice inqualificável. A sociedade que os ouve, atura e permite que circulem impunemente pelas ruas do nosso país está doente.

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