segunda-feira, 12 de março de 2018

GRUPOS ESPECIAIS DE MOÇAMBIQUE SECTOR "A" (NIASSA) e SECTOR "B" (CABO DELGADO)

SECTOR "A"
Foram Comandantes deste Sector:
Capitão Andrega 
Capitão Miliciano Salvador Silva
O célebre Daniel Roxo e os seu Milícias.
GE 101
COMANDANTE:
TENENTE ADRIANO BIGONE
ALFERES NARCISO GAITINHA
LOCAL: 
NOVA COIMBRA: de Fevereiro de 1972 a Abril de 1974
GE 102
COMANDANTE:
ALFERES LOURO
LOCAL: 
VALADIM:  de Agosto de 1971 a Abril de 1974. 
GE 103
COMANDANTE:
ALFERES MASCARENHASS
LOCAL: 
OLIVENÇA:  de Novembro de 1972 a Abril de 1974

Vista parcial de OLIVENÇA
GE 104
LOCAL: 
CANDULO:  de Novembro de 1972 a Abril de 1974
COMANDANTE:
ALFERES RIBEIRO
GE 105
LOCAL: 
RÉVIA:  de Novembro de 1973 a Abril de 1974
Em 21-11-1973, um Hunimog accionou mina causando a morte ao Furriel GE Abílio José da Costa Lemos e a 11 soldados GE
GE 106
COMANDANTE:
ALFERES MARTINS
LOCAL: 
MUCUAIA (XIPENDA):  de Novembro de 1973 a Abril de 1974
Alferes Martins, Comandante do GE 106, junto a alguns dos seu homens
 GE 107
COMANDANTE:
ALFERES MARTINS
LOCAL: 
MASSANGULO:  de Novembro de 1973 a Abril de 1974

Sector "B"


 GE 201
LOCAL: 
MUAGUIDE: de Abril de 1970 até Agosto 1970
MUERA: de Agosto 1970 a Outubro de 1970
MUAGUIDE: de Outubro de 1970  a
DONDO de: Outubro de 1973 a Abril de 1974

GE 202
LOCAL: 
NAIROTO: De Abril de 1970 a Abril de 1974
GE 203
LOCAL: 
MACOMIA: De Abril de 1970 a Abril de 1974
GE 204
LOCAL: 
NAMBUDE: de Abril de 1970 a Dezembro de 1970
MOCÍMBOA DA PRAIA:  Dezembro de 1970 a Julho de 1971
ANTADORA: Julho de 1971 a Janeiro de 1972
MOCÍMBOA DA PRAIA: Janeiro de 1972 a Novembro de 1973
DONDO: Novembro de 1973 a Janeiro de 1974
GE 205


O Alfres GE António Lopes, acompanhar o Gen Kaúlza de Arriaga de
de visita aa Nangade por ocasião do final da formação dos Grupos Especiais
210, 211 e 212


COMANDANTE:  
António Lopes
João Fernandes
LOCAL: 
MOCÍMBOA DA PRAIA: de Abril de 1970 a Dezembro de 1972
NANGADE: de Janeiro de 1972 a  Novembro de 1973
MOCÍMBOA DA PRAIA: Janeiro de 1974 a Abril de 1974
DONDO: Novembro de 1973 a Abril de 1974


Alferes João Fernandes do GE 205, em NANGADE
GE 206
COMANDANTE:  
Acácio Figueiredo
Safara
Gamboa
Corvelo
Victor Santos
Safara de 1972 a 1974
LOCAL:
PALMA: De Abril de 1970 a Abril de 1974


GE 207
LOCAL: 
MOCÍMBOA DA PRAIA: De Abril de 1970 a Abril de 1974
COMANDANTES:
 Alferes Pedro
GE 208
COMANDANTES:
 Alferes HumbertoAlmeida
Alferes António Giestas de até Agosto de 1973
Furriel José Alves (Comandante Interino) de Agosto de 1973 a Junho 1974
de Maio de 1971 até Abril de 1974
LOCAL: 
MUEDA: De Abril de 1971 a Abril de 1974
Alferes Rui Souto
GE 209
LOCAL: 
MOCÍMBOA DO ROVUMA: De Setembro de 1971a Agosto de 1973
NAZOMBE: De Agosto de 1973 a Outubro de 1973
MOCÍMBOA DO ROVUMA: De Outubro de 1973 a Abril de 1974
GE 210
COMANDANTES:
Diamantino Rodrigues
LOCAL: 
NANGADE (TARTIBO): De Setembro de 1971 a Abril de 1974


O Gen. Kaúlza de Arriaga, passando revista a vários GRUPOS "GE"
Na foto ao fundo do lado esqº o Alferes António Lopes.
Em 1º plano do lado esqº o Alferes Diamantino Rodrigues do GE 210
GE 211


Alferes GE,Alberto Chissano e António Lopes em Nangade

LOCAL: 
QUIONGA: De Setembro de 1971 a Abril de 1974
 COMANDANTES:
Alferes Alberto Chissano
GE 212
COMANDANTES:
Rui Campos
Filipe Manuel Cardão Pinto
LOCAL: 
NHICA DO ROVUMA: De Outubro de 1971 a Abril de 1974
Morreu em combate em 15-11-72, na Operação "Baga 6" o Furriel GE João Manuel de Castro Guimarães
GE 213
LOCAL: 
CHAI: De Novembro de 1971 a Abril se 1974
GE 214
COMANDANTES:
Carlos Silva 
Carlos Cêa
Alferes Guerreiro
Furriel Manuel Neves Silva
LOCAL: 
PUNDANHAR de Junho de 1972 a Abril de 1974
O Furriel Manuel Neves Silva no aldeamento de Pundanhar
GE 215
LOCAL: 
COMANDANTES:
Alberto Chissano
ANAMOTO  de Junho de 1972 a Outubro de 1972
QUIONGA: de Outubro de 1972 a Abril de 1974
GE 216
LOCAL: 
OLUMBI de Junho de 1972 a Abril de 1974
GE 217
LOCAL: 
DIACA de Outubro de 1972 a Abril de 1974
GE 218
LOCAL: 
BILIBIZA de Setembro de 1972 a Abril de 1974
GE 219
LOCAL: 
MELUCO de Setembro de 1972 a Abril de 1974
GE 220
LOCAL: 
REVIA de Setembro de 1972 a Abril de 1974

Memórias da guerra colonial
Por: Manuel Neves silva
Furriel Miliciano - GE

INHOCA




Corria o ano de Outubro do Ramadão de 1973 e do caju maduro. O Sol queimava o aldeamento enquanto a tarde descia em direcção ao ansiado frescor da noite. Protegendo-me da canícula, eu estava junto à messe de sargentos, uma casa de lama com telhado de zinco e onde os furriéis da companhia aqui aquartelada algazarreavam o jogo da sueca na mesa do bar, onde as cartas jogadas se misturavam com as laurentinas vazias. Passeava o meu olhar pelo renque arbóreo que circundava a aldeia, quando vindo do lado das cubatas, e acompanhado de mais alguns soldados macuas em passos lestos, martelados, decididos na minha direcção e de olhares postos em mim surge o Cabo Amidjai. Recostei-me na parede de lama da messe. acabei a laurentina fresca, deixei cair das mãos a garrafa vazia e esperei pelo contacto eminente, tentando adivinhar em vão qual grave urgência estava para urgir. Aparece então a palavra do Amidjai (o Mata-Cobra, assim mesmo chamado pelos seus pares, por se recusar a usar botas de lona usando sempre e apenas botas de cabedal, mais seguras no mato e a que chamava, botas mata-cobra): - Siliva, nosso pai, nós quer ir em Palma ao Ramadão. Ramadão que é nosso Natal.

Este aldeamento-aquartelamento de Pundanhar era partilhado pelo meu Grupo (GE 214), cujos soldados nativos viviam com suas mulheres e filhos em cubatas na zona civil e por uma Companhia de Caçadores integrada por soldados metropolitanos e nativos comandados por um capitão miliciano.


A criança, foi recuperada à Frelimo e entregue aos cuidados destes familiares
de em soldado GE
Manifestado o desejo de celebrar o Ramadão em Palma, o grupo esperava a minha decisão, que a bem de todos e da acção psicológica (APSIC), teria que ser sim, afirmativa.

E assim mesmo e ali ficou decidido, não sem antes consultar via rádio o Comandante Geral dos Grupos Especiais (GE) em Porto Amélia, Capitão Pessoa de Amorim que achou uma boa ideia. Seria ao mesmo tempo uma missão de patrulha e reconhecimento ao longo da picada Pundanhar - Palma. Partiríamos ao fim da tarde do dia seguinte. A noite seria para andar e descansaríamos um pouco durante o dia para podermos esconder as agressões do sol por cima das copas das árvores.


Capitão Pessoa de Amorim. Comandante Geral dos GE
Pundanhar dista 50 Kms de Palma, no litoral. É terra natal da maioria dos meus soldados muçulmanos macuas, uma terra bonita, arborizada de palmeiras e coqueiros, beijada de modo suave e terno pela águas do Índico. Já por lá tinha passado uns meses atrás em trânsito desde o Dondo na Beira até este aldeamento, onde fui colocado no comando destes homens. Seduzia-me agora a ideia de repetir uns mergulhos naquela praia e saborear à noite o marisco que generosamente aparecia nestas águas.

O percurso feito a corta - mato evitando assim pisar tanto quanto possível a picada e as minas que os Frelos nela semeavam, foi aparecendo pontilhado de sombrosos cajueiros ostentando aqueles bonitos e maduros frutos, uma delícia que fui provando, não sem o aviso avisado daqueles homens. Bah Siliva, vai ficar grosso. Ignorando-os assim fui caminhando, colhendo e comendo aquelas "peras" de caju frescas, coloridas, sumarentas e doces. Um maná a calhar naquele fim de dia húmido e quente. À medida que a tarde  crescia e as árvores iam estirando mais a sua sombra para o outro lado do sol, comecei a sentir na minha cabeça a quentura quente das bebedeiras. Afinal aqueles frutos tinham o poder das laurentinas, essas cervejas bazucas acompanhantes naqueles momentos em que tentávamos esquecer aquele inferno onde tínhamos caído. E foi assim neste bem - estar induzido, nesta abulia anímica de pensamentos entorpecidos, enquanto avançava comoso, olhos postos no além e de cabeça agradavelmente oca, que os meus sentidos repentinamente despertaram com o som nervoso e desencontrado de várias vozes: INHOCA!...INHOCA!...INHOCA!...INHOCA!..., BAAH! INHOCA. Eram vocalizações num tom de susto e aviso. Segui com o meu olhar, os olhares daqueles homens, focados naquele ponto do mato, sombreado pela copa de um largo cajueiro e vi aquilo que eles há muito tinham descortinado: uma cobra de largo diâmetro e bom comprimento, num movimento lento desembrulhando-se. Passada a surpresa inicial de medo e respeito por tal bicho, num gesto impensado afaguei a G3, enquanto dirigia o ponto de mira ao dorso do ofídio. Preparava-me para premir o gatilho, quando de pronto num gesto vigoroso e seguro vi uma mão negra desviar-me o cano da arma, e bem perto do meu ouvido a frase nervosa, conhecedora e avisada, de quem sabe: BAAH SILIVA, SE MATA NHOCA, MATA NHOCA, AGORA SE NÃO MATA NHOCA É UMA PORRA. Depois do seu gesto consumado e de ter largado para mim o tubo, o cabo macua  Amidjai foi dizendo, agora num tom bem mais calmo: LAGARTA NÃO FAZ MAL, AGORA SE FERIR LAGARTA OU PISAR NOS OVOS DA LAGARTA É UMA PORRA.

A cobra mirou-me, mirou-nos, desenroscou-se por completo e sumiu em ondulações lentas, rastejadas para lá do trilho, desaparecendo confundindo-se com o matizado verde do capim.

Foi um encontro fugaz, Inhoca seguiu o seu caminho. Nós retomámos o nosso, agora com os sentidos mais apurados e as armas mais nervosas, não tanto pelas cobras, sim para evitar qualquer surpresa urdida pelos Frelos e pelo cantar irritante das sua kalashnikov.

E agora o Siliva já conhece o  efeito analgésico da "pêra" do cajueiro.

Por: Manuel Neves Silva
Furriel Miliciano - GE














0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Página inicial