segunda-feira, 18 de novembro de 2013

DANIEL ROXO. O ANJO BRANCO

segunda-feira, 18 de novembro de 2013


O Diabo Branco Daniel Roxo

DANIEL ROXO

 Francisco Daniel Roxo  nasceu a(01 de Fevereiro de 1933 em Mogadouro, Portugal -morreu a 23 de Agosto de 1976 em Angola) foi um famoso soldado português que lutou na guerra contra a Frelimo.Embora não sendo militar, recebe das autoridades Portuguesas duas Cruzes de Guerra e uma medalha de serviços distintos pelos seus serviços prestados ao seu país.
 Foi para Moçambique em 1951. Aprende a conhecer o território como ninguém, em especial o Niassa, no Norte. Foi caçador profissional até 1962. Com a guerra, irá tornar-se, a partir de 1964, um lendário e temível comandante de um grupo de forças especiais de contra-guerrilha (30 homens da sua confiança), lutando contra a Frelimo, à margem das regras da guerra convencional. É conhecido como o diabo branco.

 Em Setembro de 1974,participou activamente na "revolta" em Lourenço Marques,e esteve na ocupação do Rádio Clube de Moçambique.  
Após a independência de Moçambique em 1975, alista-se no exército da África do Sul fazendo parte de um grupo de Operações Especiais. Notabiliza-se na Operação Savana, no sul de Angola, na luta contra o exército Angolano e os seus aliados Cubanos, em Dezembro de 1975. É o primeiro estrangeiro a receber a Cruz de Honra da África do Sul (a mais alta das condecorações militares). Acabaria por morrer numa emboscada no sul de Angola. Deixou uma viúva e seis filhos. 

                          Operação Savana

A sua acção neste combatefoi épica.A ele e a outros poucos Portuguses se deve a grande vitória na ponte 14 (Dezembro de 1975-no Rio Nhia)em que milhares de Cubanos e soldados do MPLA foram clamorosamente derrotados pelo Batalhão 32.Durante essa Batalha os Portugueses tiveram quateo mortos.Os Cubanos e MPLA prderam mais de 400 homens,embora  o número exacto seja difícil de determinar pois,como a BBC mais tarde informou,camions carregados de cadáveres estavam constantemente a sair da área em direcção ao Norte.Entre os Cubanos  mortos estava o comandante da força expedecionária daquele País,Comandante Raúl Diaz Arguelles,grande herói de Cuba de Fidel de Castro.E note-se sem a intervenção de meios aéreos,só com apoio da Artilharia.

aFoi cronologicamente a última grande batalha em que soldados portugueses (no século XX) se bateram.


Daniel Roxo e os seus Homens
 Trata-se de uma batalha que nas nossas Academias Militares não é estudada (nem sequer conhecida), mas que pelas inovações tácticas e emprego de pequeníssimos grupos de comandos deu resultados bem inesperados (para os cubanos, é claro). No entanto esta batalha é estudada (e bem) nas academias russas, britânicas e estadunidenses (algumas).
Poucos meses depois o nosso Daniel Roxo morria em combate. Antes contudo tinha já recebido a maior condecoração sul africana (equivalente à nossa Torre e Espada). Só no primeiro reconhecimento abateu (sozinho) 11 inimigos a tiro.
Durante uma patrulha perto do rio Okavango, o seu Wolf (veículo anti minas semi blindado) rebentou uma mina e foi virado ao contrario, matando um homem e esmagando Roxo debaixo dele. O resto da tripulação tentou levantar o veiculo para o libertar mas era demasiado pesado. Breytenbach, (antigo comandante dos Búfalos, no seu livro (Eles vivem pela Espada - They Live by the Sword, pp. 105) escreveu:
Danny Roxo, mantendo-se com o seu carácter intrépido, decidiu tirar o melhor partido das coisas, acendendo um cigarro e fumando-o calmamente até que este acabou, e então morreu - ainda esmagado debaixo do Wolf. Ele não se tinha queixado uma única vez, não tinha dado um único gemido ou grito, apesar das dores de certeza serem enormes.
Assim morreu o Sargento Danny Roxo, um homem que se tinha tornado numa lenda nas Forças de Segurança Portuguesas em Moçambique, e que rapidamente se tinha tornado noutra lenda nas Forças Especiais Sul Africanas.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

OPERAÇÃO "NÓ GÓRDIO"

sexta-feira, 8 de novembro de 2013


" OPERAÇÃO NÓ GÓRDIO "

Kaúlza de Arriaga e Armindo Videira, comandante do COFI
A situação em Cabo Delgado,em finais de 1969,era de acentuada pressão sobre os aquartelamentos militares Portugueses,com a minagem dos itenerários e ataques às colunas tácticas e logísticas,tentandoFrelimo expandir as suas acções para Sul do Rio Messalo.Espalhava-se a ideia de que o planalto central era zona inacessível às tropas Portuguesas depois de,no final desse ano,unidades de Páraquedistas e Comandos não terem coseguido alcançar as grandes bases da guerrilha,Gungunhana e Moçambique.No primeiro trimestre de 1970,verificou-se a intensificação da guerra,com a Frelimos a ultrapassar o Rio Messalo,em direcção ao Lúrio,e a confirmação de acções em Tete/Cahora Bassa.A actividade da guerrilha aumentou mais de 40%,continuando a caber a maior percentagem ao emprego de minas.O contínuo agravamento da situação militar e a impossibilidade de aumentar o esforço de guerra,quer em efectivos Metropolitanos quer em material de combate,levaram o Gen.Kaúlza de Arriaga,ainda como Comandante do Exército,a intensificar a formação de unidades de recrutamento local,que utilizaria intensamente como Comandante-Chefe.Nos finais de 1969 ,foi formado o Batalhão de Comandos e formada a 1ª Companhia de Comandos de Moçambique.
O Tenente Adriano Biguane, em 1967, como 2º Sargento da 1ª C.do BCAÇ 16, esteve com a CCAÇ 1558 em Nova Coimbra no Niassa. Mais tarde já como Tenente Comandou naquela localidade o GE 101
Logo em Janeiro de 1970,a Região Militar anunciou a formação dos primeiros seis Grupos especiais de (GE) de milícias com o total de 550 homens.
Em Abril de 1970,foi referenciada a presença de Samora Machel em Cabo Delgado,para  apresentar os planos de uma grande ofensiva a executar em Junho e Julho.Esta visita fez aumentar a actividade militar da FRELIMO a nível nunca igualado.De facto,enquanto no segundo trimestre de 1969 o movimento realizou 154 acções,das quais 98 foram minas,no primeiro trmestre de 1970 essas acções subiram para 685 (646) e no segundo para 759 (652 minas).
Com este cenário em pano de fundo, o General Kaúlza de Arriaga, já como Comandante-Chafe
decide lançar a OPERAÇÃO NÓ GÓRDIO, atribuindo a sua execução ao Comando Operacional das Forças de Intervenção (COFI), criado em Novembro de 1969 para o emprego conjunto de forças do Exército, Marinha e Força Aérea em missões de grande envergadura, em situações de emergência e em operações especiais.
A preparação para a OPERAÇÃO NÓ GÓRDIO foi iniciada com a primeira experiência do COFI, em Maio de 1970, na condução de uma grande operação ao longo da picada MUEDA-MOCÍMBOA da PRAIA, envolvendo unidades de Comandos, pára-Quedistas e Fuzileiros, apoiados por por artilharia e aviação , a qual serviu de treino ao Estado-Maior do COFI e permitiu aliviar a pressão sobre um território fundamental para o apoio logístico à grande Operação que se preparava.
Entretanto desde a tomada de posse do General Kaúlza de Arriaga que o seu quartel general em NAMPULA trabalhava nos preparativos que iriam concretizar o seu conceito de manobra em acções de contra-guerrilha:executar operações de grande envergadura sobre objectivos materializados no terreno, com o máximo de forças. Para tal processou-se intensa acção de reparação e reunião de materiais, sobretudo artilharia e auto metralhadoras;  transferiram-se depósitos de munições, combustíveis e víveres para o NORTE; prolongou-se a pista de MUEDA , de modo a nela poderem operar aviões FIAT G 91, e a NANGOLOLO, para receber NORD-ATLAS de transporte; deslocaram-se efectivos do SUL para NORTE, incluindo algumas unidades em fim de comissão; receberam-se novos materiais, especialmente alguns detectores de minas e rádios; e preparou-se finalmente, um plano de acção psicológica destinado às populações e força portuguesas.
Reabastecimento das NT
O início da OPERAÇÃO NÓ GÓRDIO foi marcado para1 de Julho de 1970, com a presença do General Comandante-Chefe e do seu Estado Maior em MUEDA ,prolongando-se até 6 deAgosto.Nela participaram  mais de 8000 homens, que representavam cerca de 40%
 dos efectivos das tropas de combate no território (22000), uma concentração que esgotou as reservas disponíveis, pois empenhou a totalidade das unidades de forças especiais, (Comandos, Pára Quedistas e Fuzileiros)  e o GRUPOS ESPECIAIS (GE) recém criados, mais a quase totalidade  de Artilharia de campanha,unidades de reconhecimento e de Engenharia.
O conceito da operação assentava num cerco e batida com grandes meios,prevendo o isolamento da área do núcleo central do planalto dosMACONDES,onde se encontravam as grandes bases GUNGUNHANA, MOÇAMBIQUE  e NAMPULA ,através dum cerco ao longo dos itenerários MUEDA-SAGAL-MUIDUMBE-NANGOLOLO-MITEDA-MUEDA, com a extensão de 140Kms e, após conseguido o isolamento da área, o assalto e destruição dos principais objectivos do núcleo central:
Objectivo A- Base de Arilharia Gungunhana
Objectivo B- Base Provincial Moçambique
Objectivo C- Base Nampula
A manobra seria apoiada no terreno com fogos de artilharia e de aviação, em acções de flagelação e de concentração sobre os objectivos.
MAPA DA OPERAÇÃO NÓ GÓRDIO
Para criar condições de aproximação a estes e actuar sobre eles, seriam organizados agrupamentos de forças para procederem à abertura simultânea de picadas em direcção ao objectivos "A" e "B", o mesmo sucedendo posteriormente para atingir o objectivo "C", e, por fim , previa-se manter o cerco e continuar a bater e eliminar todas as organizações referenciadas ou a referenciar.
As acções militares deveriam ser conjugados com intensa campanha de acção psicológica, para provocar a rendição e a desmoralização do inimigo.
Os agrupamentos de cerco seriam constituídos por unidades de caçadores e por unidades de reconhecimento, realizando as primeiras emboscadas em permanência, enquanto as segundas patrulhariam os itinerários.
Os agrupamentos de assalto disporiam de uma composição interarmas, do tipo task-force, incluindo unidades de forças especiais, forças regulares, de apoio  de fogos de artilharia e morteiros e de engenharia. A esta cabia papel de grande sacrifício e risco na abertura das picadas tácticas desde as estradas MUEDA - MITEDA e MITEDA-NANGOLO até à proximidade dos objectivos, onde seriam criadoas as bases de ataque para as forças de assalto.
A operação era concebida como manobra do tipo convencional , em que se pretendia alcançar com um ataque em força o que do antecedente não fora conseguido, empregando a surpresa.

Execução da Operação

Para cumprimento do plano foram constituídos sete argumentos:dois para o cerco (Norte e Sul) e quatro de intervenção,um para cada objectivo e um para reserva.
1-Julho- Início.Os agrupamentos de cerco começaram a sua instalação.Os agrupamentos de assalto A e B principiaram o movimento para o objectivo.

3-Julho-O agrupamento de assalto B(Paraquedistas)iniciou a progressãode Nangololo para o objectivo B-Base de Moçambique-,com o apoio da Engenharia na abertura da picada desde Capoca Até Gole.

4-Julho- O agrupamento de assalto A (Comandos) chegou à base de ataque,a 2 Kms do objectivo-Base Gungunhana
5-Julho-Realizou-se a primeira tentativa de assalto à base Gungunhana,que não se encontrava na localização prevista.
6-Julho- Foi localizada e assaltada a base Gungunhana,que fora abandonada recentemente.
Estava localizada na encosta de uma pequena colina, no interior de mata densa, ocupava uma área de 100x500 metros, dispunha de mais de 100 palhotas,era circundada por uma vala e tinha abrigos contra morteiros e ataque aéreos.
 Foi assaltada a Base Moçambique pelas forças Paraquedistas.Era constituída por cerca de 200 palhotas e encontrava-se abandonada há cerca de 2 meses.

12-Julho- O agrupamento de assalto C (Fuzileiros) iniciou o deslocamento de Mueda para o objectivo C- Base Nampula.

15-Julho- Foi atingido o objectivo C.a base de Nampula era constituida por cerca de 50 palhotas e encontrava-se abandonada há cerca de 2 meses.

16 de Julho a 6 deAgosto-Realizaram-se acções de permanência.
Após os ataques ao objectivo "A"-"B" e "C", foram organizadas bases temporárias nas suas proximidades e atribuídas áreas de responsabilidade aos agrupamentos de ataque, com a finalidade de eliminar da zona as unidades de guerrilha ainda activas.
As forças de cerco mantiveram-se em posição até 2 de Agosto, realizando emboscadas e implantando armadilhas, para completar e melhorar a manobra.
Em coordenação com as acções militares foram realizadas operações psicológicas com a finalidade de separar as populações dos guerrilheiros, desmoralizar os combatentes e fomentar as apresentações, considerando-se que a FRELIMO controlava cerca de 60.000 pessoas na zona do planalto.
Para esse efeito, foi instalada em MUEDA uma secção de acção psicológica, constituídas equipas de recepção de refugiados em SAGAL, DIACA, MITEDA e MUIDUMBE e equipas de acção psicossocial em MUEDA e SAGAL. Também as autoridades administrativas receberam instruções para armanezar reservas de víveres, a fim de fazerem face às necessidades imediatas de apresentados e capturados.


A Frelimo,apesar da Operação Nó Górdio,não foi impedida de actuar em qualquer dos teatros de operações.A sua actividade no terceiro trimestre de 1970 provocou as seguintes baixas e destruição à forças Portuguesas,nas zonas não abrangidas pela Operação. NIASSA: 17 Mortos,77 Feridos graves e 14 viaturas destruídas
CABO DELGADO: 25 Mortos, 70 Feridos graves e 33 viaturas destruídas 
TETE : 51 Mortos, 192 Feridos graves e 60 viaturas destruídas. ;